O que pensam os motoristas sobre o debate da regulamentação do trabalho por aplicativos?

Autores

  • Ricardo Colturato Festi Universidade de Brasília (UnB)
  • Tábata Berg Universidade de Brasília (UnB)
  • Kethury Magalhães dos Santos Universidade de Brasília (UnB)
  • Nicolle Wagner da Silva Gonçalves Universidade de Brasília (UnB)
  • João Pedro Inácio Peleja Universidade de Brasília (UnB)
  • Brenna de Araújo Vilanova Universidade de Brasília (UnB)

DOI:

https://doi.org/10.33239/rjtdh.v8.221

Resumo

Introdução: Apesar da grande quantidade de pesquisas sobre as condições de trabalho dos motoristas de aplicativos, poucos são os estudos que abordam as percepções políticas destes. Dessa forma, este artigo visa apresentar e analisar os resultados de pesquisa com o objetivo de compreender o que pensam e desejam estes trabalhadores de transporte individual frente ao debate da regulação do trabalho.

 

Objetivo: Compreender o que pensam os motoristas de plataformas digitais frente ao debate da regulação de seu trabalho.

 

Metodologia: Por meio de survey aplicada online e presencialmente em 2023 e 2024 com motoristas de aplicativos do Distrito Federal e Entorno.

 

Resultados: A amostra demonstrou que a maioria dos entregadores acompanharam os debates sobre a regulação do trabalho impulsionados pelo governo federal; que a maioria deseja ser enquadrado como autônomo/conta própria ou MEI; quer que a remuneração seja por hora logada no aplicativo mais taxas de viagem ou quilômetros rodados; e apresentam demandas específicas vinculadas ao próprio trabalho e às questões imediatas em detrimento das bandeiras históricas do sindicalismo.

 

Conclusão: Os resultados demonstram a complexidade da formação de uma consciência política unitária dos trabalhadores e trabalhadoras vinculados às plataformas digitais, em particular motoristas de aplicativos.

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Biografia do Autor

  • Ricardo Colturato Festi, Universidade de Brasília (UnB)

    Professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). É autor de As origens da sociologia do trabalho: percursos cruzados entre Brasil e França (Boitempo, 2023). Coordenador do Grupo de Pesquisa Trabalho e Teoria Social da UnB. Editor-Responsável da revista Sociedade e Estado. Doutorou-se em Sociologia pela Universidade de Campinas (Unicamp), com estágio de pesquisa (doutorado sanduíche) na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris, entre 2015 e 2017. Graduou-se em bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais e defendeu dissertação de mestrado em sociologia, todos pela Unicamp. É membro do Grupo de Pesquisa Mundo do Trabalho e suas Metamorfoses (GPMT) da Unicamp, coordenado pelo Prof. Ricardo Antunes. Pesquisador do Projeto Fairwork no Brasil. Têm experiências nas áreas de Sociologia, com ênfase em Sociologia do Trabalho e Pensamento Social, desenvolvendo pesquisas e estudos sobre sociologia da sociologia do trabalho, plataformas digitais e mundo do trabalho, entre outros.

  • Tábata Berg, Universidade de Brasília (UnB)

    Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), defendeu a tese Fazer-se humana: o ser social à luz da ser-outra (2020). Mãe do Antônio desde abril de 2016. Atualmente, atua como pesquisadora em Estágio Pós-doutoral pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia, da Universidade de Brasília (UnB) e consultora pela University of Washington Population Health Initiative?s. Pesquisa nas áreas de teoria social, teoria social do trabalho, teorias de gênero, sociologia das relações étnico-raciais e sociologia das desigualdades sociais. Dedica-se atualmente a investigar as epistemologias feministas e decoloniais, centrando-se em comunidades quilombolas. Integrante do Grupo de Pesquisa Mundo do Trabalho e suas Metamorfoses (GPMT - IFCH/UNICAMP), coordenado pelo professor Ricardo Antunes. Tem experiência nos temas: teoria social e epistemologias, ontologias, classes sociais, marxismo, mulheres, interseccionalidade, feminismos, decolonialidade. Tornou-se mestre pelo mesmo Programa de Pós-Graduação, tendo defendido a dissertação: A gênese das categorias trabalho e habitus: pistas ontológicas apreendidas do diálogo entre os "jovens" Lukács e Bourdieu (2014). É bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2011), onde atuou como pesquisadora no Centro de Pesquisas sobre Desigualdade Social (CEPEDES), sob a coordenação do professor Jessé Souza. Atuou como professora no Departamento de Ciências Sociais, na Universidade Federal de Viçosa. Participa da coordenação do SPG. Trabalho e gênero à luz das epistemologias e teorias feministas, da 45° e 46° Encontro Anual da ANPOCS e da coordenação do GT3. La precarización estructural del trabajo : las singularidades latinoamericanas, do X Congreso de la Asociación Latinoamericana de Estudios del Trabajo (ALAST/2022).

  • Kethury Magalhães dos Santos, Universidade de Brasília (UnB)

    Graduada em Ciências Sociais - Licenciatura pela Universidade de Brasília (2021), bacharelanda em Sociologia pela mesma universidade. Atualmente é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGSOL-UnB), onde desenvolve a pesquisa cujo título é "Mulheres no delivery: as peculiaridades no trabalho de entregadoras por meio de plataformas digitais no Distrito Federal". Bolsista CAPES. É integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho - GEPT UnB (2019) e do Grupo de Pesquisa Trabalho e Teoria Social - GPTTS UnB (2020). Tem interesse em temas relacionados à Sociologia do Trabalho, Sociologia Urbana, Teoria Sociológica, Estudos de Gênero, Trabalho Digital e Migrações.

  • Nicolle Wagner da Silva Gonçalves, Universidade de Brasília (UnB)

    Advogada. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Cidadania da Universidade de Brasília. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Direito "Novos Direitos, Novos Sujeitos" da Universidade Federal de Ouro Preto. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo Instituto Brasiliense de Direito Público - IDP. Graduada em Direito pela Universidade de Brasília (2019).

  • João Pedro Inácio Peleja, Universidade de Brasília (UnB)

    Doutorando e Mestre (2022) em Sociologia pela Universidade de Brasília. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (2019). Atualmente compõe a equipe técnica do projeto de pesquisa "Para onde vai o trabalho humano na era digital?". É membro do Grupo de Pesquisa Trabalho e Teoria Social e do Grupo de Estudos e Pesquisas para o Trabalho, ambos da UnB. Foi pesquisador pelo Programa de Iniciação Científica e em Desenvolvimento Tecnológico (2017-2018), monitor na disciplina de graduação Sociologia 1 (2018) e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (2018-2020). Tem interesse na área de Sociologia, com ênfase nos seguintes temas: plataformas digitais; controle algorítmico; entregadores por aplicativos; transformações no mundo do trabalho; desigualdade racial e metodologia de pesquisa. Possui experiência com análise de estatísticas sociais.

  • Brenna de Araújo Vilanova, Universidade de Brasília (UnB)

    Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília- UnB. Foi integrante por dois anos do projeto de extensão da Faculdade de Direito, Vez e Voz - EDUCAÇÃO POPULAR NA PREVENÇÃO E NO ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS NO DISTRITO FEDERAL E ENTORNO. Coordenação: Prof. Dr. José Geraldo de Sousa Junior. Atualmente, pesquisa Desaparecimento Forçado de Indígenas Brasileiros (Pibic),faz parte do Projeto de Pesquisa: PARA ONDE VAI O TRABALHO HUMANO NA ERA DIGITAL? com foco em precarização do serviço dos Entregadores. Outras áreas de interesses: Direitos humanos com foco em precarização do trabalho, trabalho análogo a escravidão, Tráfico de pessoas, violência sexual e exploração infantil, bem como, Desaparecimento social no contexto de gênero, raça e etnia.

Referências

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Publicado

2025-04-28

Edição

Seção

Artigos em Fluxo Contínuo

Como Citar

O que pensam os motoristas sobre o debate da regulamentação do trabalho por aplicativos?. (2025). Revista Jurídica Trabalho E Desenvolvimento Humano, 8. https://doi.org/10.33239/rjtdh.v8.221